sexta-feira, 15 de maio de 2009

Conhecemos, no capítulo 3 do livro “Administração”, um pouco sobre os tipos de cultura existentes em uma empresa. Já no capítulo 10, vimos como são estruturadas as organizações.
Vimos que o tipo de cultura de uma empresa define a rapidez e facilidade com que toma suas decisões, baseada no seu foco estratégico e que a estrutura organizacional, como o nome diz, serve para organizar a empresa, seus processos e etc.

Vamos, então, ver o que acontece quando juntamos uma estrutura Funcional Linear Vertical com uma cultura burocrática?


O Banco Itaú tem exatamente essas características: O Presidente é o já conhecido Roberto Setubal, que tem Conselhos (entre eles o amigão Pedro Moreira Salles) lhe dando apoio. Abaixo dele estão os Vice Presidentes, responsáveis, cada um, por uma ou mais áreas. Embaixo desses, vêm os diretores. Em seguida, os superintendentes, depois os gerentes, os supervisores, analistas (divididos em sênior, pleno e júnior) e, então, os não-funcionários: estagiários e jovens aprendizes.


Além disso, a empresa é focada no público externo, com bastante estabilidade: todos os processos são burocratizados, todos precisam ter o crivo de muitos níveis hierárquicos, etc.
Para termos um exemplo claro, então, de como essas características da empresa podem influenciar o trabalho dos seus funcionários, vamos pensar no marketing. O marketing é, dentro da empresa, quem atende os pedidos e anseios das áreas de produto. O processo de um anúncio na Veja funciona mais ou menos assim (a partir do momento que já está pronto):


O analista do marketing está lidando diretamente com o analista da área de produtos. O anúncio já foi discutido, entre os dois, milhões de vezes, já sofreu algumas alterações e, então, ambos acreditam que está pronto. Claro, isso não é o suficiente para publicá-lo. Não nessa empresa. O analista de marketing agora precisa de suas aprovações: passa para o supervisor, que faz seus comentários. Depois ele é apresentado ao gerente, que faz mais alguns adendos. É a vez do superintendente, que também dá seus pitacos. Vamos supor que tudo que eles falaram são pequenos ajustes, e eles passam para a área de produtos – porque se fossem grandes, teriam que voltar à agência para ajustá-lo corretamente.


O analista de produtos vai então passar para seu supervisor, que vai passar para o gerente, que vai passar para o superintendente. Com sorte, o anúncio parará aí. Com um pouco mais de azar, ele irá parar nas mãos dos diretores. E os diretores são perigosos: adoram mudar tudo, mesmo sem saber o porquê das coisas estarem como estão. Eles simplesmente gostam.


Então, para facilitar, vamos supor que o diretor desta vez não foi envolvido. Agora imagine: você acha que gerentes e superintendentes de marketing e produtos de um banco do tamanho do Itaú estão ali, o dia inteiro, à disposição? Ou você acha que eles têm a agenda lotada de compromissos e coisas tal, muito mais importantes do que o anúncio que o analista está querendo aprovar? Pois bem, pensou certo.


Então ta. Vamos imaginar que entre o briefing e a última versão do anúncio, tivemos 3 semanas. Agora, vamos aos níveis hierárquicos pelos quais o anúncio tem que passar.Se não me engano, foram 3 do marketing e 3 de produtos. São 6 no total. Agora supomos que os supervisores têm horário no mesmo dia, os gerentes no dia seguinte e os superintendentes no final do dia seguinte. Nesse caso, temos a seguinte situação:






Viram só? 32 dias corridos para publicar um anúncio de página simples na Veja! Agora imaginem só se surge um anúncio de oportunidade, que a equipe do Nizan vem trazer super empolgada? O analista responde “hm, que pena... não vamos conseguir aprovar a tempo”.


É por isso que eu acho que as coisas estão certinhas demais nas empresas. Todo mundo querendo se proteger por todos os lados, acaba atrapalhando a produtividade e o dia-a-dia da empresa. Acredito que, se as estruturas fossem um pouco mais flexíveis, se as aprovações pudessem ficar apenas nos gerentes de marketing, sem precisar ir para os altos níveis da equipe de produtos, e se os gerentes de marketing fossem incluídos no processo desde o começo, com certeza teríamos a agilidade necessária em setores tão competitivos como o bancário.


O pior, minha gente, é que a maioria das grandes empresas funciona desta forma... O que vocês acham?


Vamos liberar a galera da hierarquia?



Um comentário:

  1. Muito bom texto! Vejam que o excesso de centralizaçao e burocrácia imperram a agilidade e a criatividade, assim como preve a teoria!! Aproveitem para usar as descrições dos conceitos como base de suas análises!

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